Ligou o carro logo cedo e ao abrir o portão da garagem, notou aquela fumaça estranha e azulada saindo do escape e, pior, ainda com um cheiro forte. Ao se desligar o veículo e esperar algum tempo, nota-se que o nível de óleo está bem abaixo do que deveria. E agora? O que estaria acontecendo com o motor? Após uma visita ao mecânico, a constatação: motor queimando óleo! A notícia chega como um baque para muita gente, afinal, quando isso acontece, quem mais sente o efeito é o bolso. Mas aí vem as perguntas: Como? Quando? Por que? O desespero logo bate forte, mas não tem jeito, o negócio será resolver a questão antes que a coisa fique pior.
Como o motor queima o óleo?
Mas então, vamos lá. Quais as causas para um motor estar queimando óleo lubrificante? É bom primeiro lembrar que todo motor baixa um pouco o nível do óleo a cada, digamos, mil quilômetros. Isso até mesmo está previsto no manual de muitos modelos.
Mas a respeito de motores baixando o óleo mais rapidamente, com sintomas notados no escapamento, podemos dizer que a primeira coisa é que o motor já está cansado, bem desgastado para estar nessa condição. Ocorre que o atrito entre as peças requer lubrificação constante. Mas antes disso, é preciso que o amaciamento tenha sido feito corretamente. Isso para que o ajuste fino entre as peças móveis não tenham produzidos tantos resíduos que não foram eliminados.
Com o funcionamento ao longo do tempo, é natural que as folgas entre as peças aumente devido ao desgaste. Mas mesmo assim elas precisam atingir um certo limite para que o propulsor continue funcionando corretamente. O problema é quando isso é ultrapassado e aí tais forças começam a produzir o contato entre o óleo lubrificante e a câmara de combustão. Com a folga elevada entre anéis do pistão e cilindro, os primeiros não têm como impedir que um fluxo de lubrificante entre na combustão e é lá que ele começa a ser queimado.
Esse consumo de óleo acaba por reduzir seu nível no cárter. Por isso é necessário sempre estar completando para que o motor não fique sem lubrificação e acabe travando. O pior ainda não é isso. Com o tempo, as folgas aumentam e a quantidade de óleo na câmara aumenta tanto que ele começa a encharcar as velas, prejudicando a ignição. Se o óleo entra na câmara, então algo pode sair de lá também. Por isso, a taxa de compressão acaba por cair e o rendimento do motor idem.
Bom, lembra do “é necessário sempre estar completando para que o motor não fique sem lubrificação”? Pois é, isso é para quem já percebeu o problema está remediando. Mas, nem todo mundo fica ligado nessa situação e com o nível descendo além do mínimo, os efeitos da queima do óleo começam a aparecer. A lubrificação entre bielas e virabrequim logo ficará prejudicada e um ruído metálico se fará presente. O tal “motor batendo” é outro drama de quem foi pego de surpresa.
Acontece que sem a lubrificação necessária, as bronzinas (casquilhos) da biela começam a entrar em atrito com os mancais da manivela do virabrequim, provocando desgaste e folgas. Estas folgas é que geram o barulho de batida por causa do movimento de sobe e desce dos pistões. Mas não é só isso, os mancais do virabrequim também começam a se desgastar e uma hora poderão travar completamente.
Mas, o mais frequente é o contato entre biela e virabrequim acabar gerando uma quebra do primeiro, que será esmigalhado quando não resistir mais. Isso, falando de motor moderno, pois nos antigos, a biela furava o próprio pistão, cilindro e até o bloco. Claro, uma das vítimas era o virabrequim.
Quando esse problema começa?
Como exemplificado no começo do texto, o problema começa quando exatamente as folgas se tornam excessivas e os sintomas aparecem. O consumo de óleo do motor aumenta radicalmente, numa taxa de mais de um litro a cada 1.000 km.
Isso vem acompanhado de falta de força do motor, que já não rende o mesmo. Se isso acontece, o consumo de combustível também se eleva. O escapamento também se encharca de óleo não queimado na combustão, prejudicando também o catalisador. O barulho também já denuncia que o motor “queimador de óleo” já está nas últimas, tanto por bater biela quanto por estar “rajando”, que é a falta de lubrificação no topo, no cabeçote, onde o comando também sofre com a falta de lubrificação.
Por que o motor queima óleo?
As causas para o motor estar queimando óleo são diversas e podem ou não estar relacionadas com a atenção (a falta dela) dispensada pelo proprietário em relação à manutenção do veículo. Um dos motivos mais frequentes para que isso ocorra é o esquecimento. Muitas pessoas acabam por deixar de fazer a correta manutenção do veículo por não lembrarem o momento da troca de óleo lubrificante e de seu filtro. Tem gente que nem sabe que é preciso trocar o óleo! Casos em que o motor fundiu por nunca ter sido feita a troca não são histórias de mecânico.
Quando novo, o carro vem acompanhado com a obrigação de fazer as revisões na quilometragem especificada no manual. Muitos modelos avisam automaticamente no painel quando se aproxima a hora da troca. Algumas marcas até avisam quando isso acontece por conexão remota, mas no geral, é o proprietário que precisa estar atento. Quando usado, o comprador deve substituir lubrificante e filtro, mesmo que o vendedor já tenha dito que o fez. Cautela não faz mal algum…
Outra causa comum é a famosa e temida quebra da correia dentada. Antigamente, quem tinha certos modelos de automóvel nem se preocupavam com isso, por causa de varetas e balancins do comando no bloco, corrente ou mesmo os bons e os bons cabeçotes onde as válvulas não ficavam ao alcance dos pistões. Isso era uma maravilha, mas em muitos casos, a correia dentada quebrada significa prejuízo, mas com danos variáveis de acordo com o desenho da câmara, dos pistões e do cabeçote.
Pode nem ser preciso fazer um reparo maior, mas isso pode contribuir para que no futuro haja queima de óleo. O motor também pode ter enfrentado enchentes sem o cuidado devido ou o sistema de refrigeração sofreu aquecimento excessivo em algum momento, podendo ter queimado a junta no cabeçote, quando as galerias de óleo acabam por entrar em contato com a câmara ou pior, misturar-se imediatamente com o líquido de refrigeração.
O que fazer?
Só existem duas opções: A primeira é respirar fundo e meter a mão no bolso. Faça cotação de retífica do motor e em locais especializados. Não tente apenas “fazer a parte debaixo” ou outros artifícios para evitar uma retífica completa. O impacto no orçamento familiar pode girar em torno de R$ 4.000 para um carro comum, com motor 1.0 litro. Depois de fazer o serviço, novamente (se foi comprado zero) terá de fazer o amaciamento porque quase tudo é novo, pistões, anéis, pinos de pistão, bronzinas, virabrequim retificado, cabeçote revisado (válvulas, guias, superfície da peça), juntas, etc.
Mas, se o custo for igual a metade do preço de tabela do veículo, melhor esquecer. Caso contrário, mesmo que o custo não represente isso tudo e você não quer ter trabalho com isso, então o melhor é vender nas condições em que se encontra.
Mas seja honesto, informe sobre o problema e faça o comprador assinar um termo reconhecendo o defeito. O valor da venda será menor. Quem está comprando precisará arcar com os custos, mas pelo menos você se livrou do problema.